joão estava desesperado.
sentia a boca seca e seus olhos piscavam descontroladamente devido à adrenalina.
seu maxilar estava rígido, travado de tensão. esforçava-se para evitar que as mãos tremessem.
aos poucos a testa ficava úmida, aumentando a sensação de desconforto.
ofegante, ele não sabia o que fazer. já havia tentado de tudo mas nada surtiu efeito.
apertava as mãos, ansioso, enquanto vasculhava a memória tentando encontrar alguma solução esquecida no labirinto de conhecimento inútil que era seu cérebro, mas nada surgiu. só a receita do molho tártaro que aprendeu com sua avó quando tinha 14 anos.
joão olhou para os lados buscando alguma inspiração sobrenatural, alguma luz, alguma coisa, qualquer coisa.
nada.
sentindo o coração batendo forte e acelerado, ele decidiu arriscar e agiu sem pensar.
tudo ficou em slow motion.
joão puxou o freio de mão, tirou o cinto de segurança e abriu a porta do carro, tudo em milésimos de segundo.
mal pisou no asfalto e já iniciou uma corrida desesperada. fazia anos que não se exercitava, mas o senso de urgência foi maior que sua falta de preparo físico. o sapato social apertando seu pé estava longe de ser o ideal, mas nada iria pará-lo agora.
desviou dos vendedores de pipoca e dos lavadores de vidro, arrancou um retrovisor em sua loucura temporária mas nem percebeu. nada era mais importante do que cumprir sua missão.
pulou um buraco e driblou uma moto, mas de repente ergueu os olhos e percebeu que não ia conseguir.
o sinal ficou verde e ela se foi. joão, então, ajoelhou-se no asfalto escaldante do meio-dia e levou as mãos à cabeça, se entregando ao mais profundo sentimento de impotência. ao longe, ela seguia seu caminho sem fazer ideia do que tinha acabado de acontecer.
joão gritou mesmo sabendo que de nada ia adiantar.
era o fim.
ele teria que passar o resto da vida sabendo que não conseguiu avisar àquela misteriosa mulher que a porta do passageiro do carro dela estava aberta.
Hahahahahaha melodramático e divertido. ^^